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Curso em parceria com a Themis forma primeira turma de cuidadora de idosos

A Escola Profissional Fundação Universitária de Cardiologia, do Instituto de Cardiologia, na Capital, formou uma turma diferente na última quarta-feira (10). Ao invés de médicas/os e enfermeiras/os, quem subiu no palco para receber o diploma de conclusão de curso foram quatro novas profissionais cuidadoras de idosos – outras quatro não puderam participar da cerimônia, por motivos pessoais, mas também estão credenciadas.

A formação, que contou com a parceria da Themis e do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul, durou quatro meses. As aulas foram presenciais, três vezes por semana, e as alunas receberam bolsa integral de estudo, além de auxílio para deslocamento e lanche. 

Todas as formandas são mulheres em situação de vulnerabilidade social ou, então, que viveram situação de violência doméstica e familiar. De acordo com a juíza Madgéli Frantz Machado, coordenadora do projeto Borboleta nos Juizados da Violência Doméstica em Porto Alegre, a formação contribui para o restabelecimento da autoestima dessas pessoas. “Estas mulheres têm, a partir de agora, a possibilidade concreta de atuar no mercado de trabalho, de ter sua renda, de serem, efetivamente, protagonistas de suas vidas”, pontua a magistrada. 

Mercado de trabalho que já está interessado na contratação dessas profissionais. Rita Timmers, diretora da Escola Profissional Fundação Universitária de Cardiologia, explica que as estudantes realizaram estágio em lares de longa permanência, e as instituições já manifestaram interesse em empregar as cuidadoras de idosos. “Hoje é um grande dia na vida destas mulheres. Todas elas têm histórias bastante difíceis, e hoje, definitivamente, viram a chave. A possibilidade de fazer parte do mercado de trabalho, com condições e chancela do Instituto de Cardiologia, nos emociona. Estamos muito orgulhosas, temos muito respeito e admiração por essas mulheres”, diz Rita. 

A cerimônia de formatura, que contou com amigos, companheiros e filhos das estudantes, emocionou o público com o discurso da oradora da turma, Doniria Elisangela dos Santos. A violência doméstica se reproduz no histórico familiar: além de ela e a mãe terem sofrido, a irmã foi vítima de feminicídio. “Hoje, meu sentimento é de gratidão. Venho de uma família muito humilde, com histórico de violência, então foi bem complicado chegar até aqui. Essa oportunidade foi muito importante para mim. Eu só havia cursado até o quarto ano do Ensino Fundamental, e o projeto Borboleta me incentivou a voltar a estudar. Hoje, estou no 3º ano do Ensino Médio, cursando o técnico em enfermagem.  E ninguém mais me segura”, afirmou, emocionada.  


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