Há 25 anos na defesa e promoção dos direitos das mulheres

Entrevista: Daniela Florio, Associada de Projetos da área de Adolescência e Juventudes do Fundo de População das Nações Unidas

Daniela Florio (C) participou da cerimônia de formatura de 27 novas JMCs. Crédito: Rossana Silva/Themis/Divulgação

A Associada de Projetos da área de Adolescência e Juventudes do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) Daniela Florio esteve em Porto Alegre para participar da formatura do 6ª curso de formação de Jovens Multiplicadoras de Cidadania, em 12 de agosto.

Cientista social e pedagoga, a representante do UNFPA também aproveitou para se reunir com a equipe da Themis na sede da organização, no centro da Capital, e visitar o Serviço de Informação a Mulheres (SIM) da Cruzeiro para conhecer a atuação das Promotoras Legais Populares. 

O Fundo de População das Nações Unidas é um dos apoiadores da Themis na realização do curso de JMC’s. Confira a entrevista concedida por Daniela na Faculdade de Educação da UFRGS, logo após a formatura das jovens:

Qual a importância do conhecimento de direitos para o empoderamento das jovens?
Entendemos que isso é fundamental para que as jovens consigam se desenvolver plenamente. Como bem foi dito aqui, é a partir de espaços como o curso de formação de Jovens Multiplicadoras de Cidadania que meninas e mulheres podem perceber que não estão sós. Juntas e com a força da sororidade e dessa comunidade é possível entender os processos pelos quais elas passam, sobretudo em relação à violência, seja ela física, psicológica, abusos de todos os tipos, além do machismo, que é arraigado no nosso país. Formações como a das JMC’s potencializam essas meninas, dão a elas os instrumentos para que consigam perceber o mundo a sua volta como um mundo no qual elas enfrentam barreiras apenas por serem mulheres.

Como o curso de Jovens Multiplicadoras de Cidadania vai fazer diferença na vida das 27 meninas que concluíram a formação?
A partir de agora, elas conseguem se reconhecer como mulheres e pessoas com todos os direitos, dentro das suas especificidades. Reparamos na diversidade da turma: meninas pretas, indígenas, periféricas, LGBTQIA+. Elas estão se percebendo em um mundo em que precisam ter cada vez mais conhecimentos sobre seus direitos. O curso contribui muito para isso. Esperamos poder trazer a perspectiva feminista e a pauta dos direitos sexuais e reprodutivos para todos os projetos que atuam com meninas e mulheres.

Qual a sua impressão sobre o trabalho realizado pela Themis?
É um trabalho extremamente potente. A Themis é uma organização antiga, com muitos anos de caminhada. Relatórios trazem muitas informações, mas nada como ver ao vivo a potência do trabalho e o comprometimento da Themis com as mulheres e meninas com as quais atua. Isso ficou nítido durante todo o dia, tanto na reunião com a equipe quanto conhecendo o trabalho das Promotoras Legais Populares (PLPs) e participando da formatura das Jovens Multiplicadoras de Cidadania. Que bom que o UNFPA pode apoiar o curso e colaborar para que a Themis cresça ainda mais.

O que o Fundo tem feito pelo empoderamento das meninas?
O Fundo de População é a parte da ONU responsável tanto pela questão da juventude, com o objetivo de que cada jovem alcance seu pleno potencial, como é também a agência que aborda os direitos sexuais e reprodutivos. A partir disso, a gente trabalha para que toda a população, mas especialmente meninas e mulheres, tenham seus direitos garantidos. Temos várias áreas, e um dos projetos é um edital de apoio a organizações sociais de todo o Brasil com recursos para fortalecimento institucional e que atuem com pautas feministas ou da juventude ou população e desenvolvimento. Cada um dos projetos tem um recorte específico, de acordo com a organização. No caso da Themis, o apoio serviu para que pudesse se reestruturar para a retomada do curso de Jovens Multiplicadoras de Cidadania, especialmente a parte da estrutura: adquirir materiais, contratar uma consultora para a retomada do curso… Assim como a Themis, há outras organizações apoiadas em todo o Brasil.  


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