Cores e Gêneros – Seminário feminista Latino-Americano debate discriminação e acesso à Justiça, na abertura
A Conselheira de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas (ONU) Alda Facio participou da conferência de abertura do “Seminário Latino- Americano: Os Gêneros e as Cores da Justiça”, organizado pela Themis, na última segunda-feira (23). A atividade segue nos dias 24 3 25 de maio, na Escola Superior da Magistratura (Celeste Gobatto, 229) e é aberta ao público.
Para o presidente da Ajuris, Gilberto Schäfer, receber um debate tão importante é motivo orgulho para a entidade. “ Sempre somos parceiros da Themis na realização de ações conjuntas porque acreditamos é preciso falar sobre a questão de gênero em todas as relações, seja na seara jurídica, trabalhista ou doméstica, pois é isto que nos ajuda a contribuir com uma sociedade livre e fraterna”, declarou.
De acordo com a presidente do Conselho Direto da Themis, Fabiane Simioni, o seminário tem como propósito abordar a forma como leis e direitos são tratados pelos sistemas de Justiça contemporâneos, em especial aqueles que atingem grupos sociais discriminados na sociedade, além de compartilhar e incorporar boas práticas entre os países participantes.
Em sua fala, Alda Facio relatou sobre as barreiras enfrentadas pelas mulheres em todo o mundo para ter acesso à Justiça e garantir os Direitos Humanos. “O desprezo pela vida das pessoas passa pela discriminação seja de gênero ou de raça. E romper com o poder patriarcado tem se mostrado muito difícil nos últimos 50 anos. Todos os dias precisamos provar porque o Comitê Direitos Humanos é importante para humanidade”, contou.
A conselheira da ONU ainda afirmou que o acesso à Justiça é o que garante todos os outros direitos, mas que muitas mulheres no campo e na cidade enfrentam barreiras geográficas, monetárias, de linguagem e tantas outras antes de vivenciar sua cidadania. “ Entre as recomendações feita pela Organizações das Nações Unidas está a necessidade de parar de tratar o acesso indiscriminado à Justiça como favor, mas sim como dever do Estado. São 35 páginas de barreiras que impedem o acesso aos direitos fundamentais. A maioria das mulheres encarceradas na América Latina não sabe qual parte da sua conduta foi um ato criminoso, por exemplo. A linguagem jurídica não é feita para todos entender. Isso faz com que se crie uma descrença no sistema de Justiça e consequentemente afasta ainda mais as mulheres dos seus direitos. Somos metades da população mundial, não estamos falando de um grupinho. É fundamental que todas as instituições não esqueçam disso, mas, se caso esquecerem, seguiremos lembrando”, disse.
Para a debatedora convidada Lucia Xavier, representante da OSC CRIOLA, atos simples de discriminação são protagonistas da exclusão, do crime e da morte de muitas mulheres no país. “ O direito é uma ideologia que organiza o estado e as nossas vidas. Questionar os mecanismo dessa organização que deixa de fora negros, índios e mulheres, é primordial”, pontuou. Sobre os avanços da pauta feminista Lucia afirmou que o enfrentamento todas as discriminações sob o viés da interseccionalidade é um passo importante. “ Um evento como este é uma amostra do progresso que já tivemos. Estamos aqui debatendo e incorporando novas práticas para confrontar o Sistema de Justiça. A discriminação é um modo de vida e quando ultrapassa os muros da Justiça deve ser encarada pelas instituições jurídicas como uma incapacidade e não uma possibilidade”, declarou.
Também participaram do evento a vice-presidente da ADEPRGS, Silvia Brum; o diretor da Escola da Ajuris, Cláudio Luís Martinewsi; o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Rogério Fleischamnn; a promotora e representante do Ministério Público, Ivana Battaglin; a defensora Pública dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher (NUDEM), Luciana Artus Schneider e a representante do Fórum Justiça, Élida Lauris.
Programação dos dias 24 e 25
24 de maio
9 às 12h30 – Mesa 1: Gênero e Justiça: revisitando fundamentos teóricos
Alda Facio
Coordenação: Michele Savicki (Themis)
13h30 às 16h – Mesa 2: Educação jurídica feminista e antirracista
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (UFSCar) e Fabiane Simioni (FURG/Themis)
Coordenação: Luana Pereira (Themis)
16h30 às 18h – MESA 3: Perspectivas de gênero na administração da justiça
Vilma Reis (Ouvidoria da DPE Bahia) e Fabiana Severi (USP/RP)
Coordenação: Rosane Lavigne (Fórum Justiça / DPE RJ)
19h – Atividade Cultural
25 de maio
9h às 10h30 – MESA 4: Litígio Feminista Internacional
Liliana Tojo (ARGENTNA – CEJIL) e Julia Barros Schirmer (IIDH)
Coordenação: Silvia Brum (ADPERGS)
10h30 às 12h30 – MESA 5: Implementação da Lei Maria da Penha nos Juizados Especializados de
Liliana Tojo (ARGENTNA – CEJIL), Lísia Mostardeiro (DPE RS) e Valéria Eugênia Neves Wilhem (Juíza de Direito – JEVDM/Bento Gonçalves).
Coordenação: Sandra Beatriz Morais da Silveira (THEMIS/ CRDH-DPE)
13h30 às 16h – MESA 6: Implementação da Lei 150/2015 sobre o trabalho doméstico
Maria Aparecida Bento (CEERT) e Beatriz Renk (TRT 4ª Região)
Coordenação: Marcia Soares (OIT)
16h30 às 18h – MESA 7: Cultura da violência contra as mulheres e liberdade de expressão
Domingos Dresch da Silveira (MPF) e Paulo Leivas (MPF)
Coordenação: Fabiane Simioni (FURG/Themis)
19h às 20h30 – Mesa de Encerramento
IGUAIS E DIFERENTES: redefinindo intersecções para a justiça social
Roger Raupp Rios (TRF 4ª Região / Uniritter)
Debatedora: Sueli Carneiro (Geledés)
Coordenação: Denise Dora (Ouvidoria da DPE RS)
Texto: Rita Barchet
Assessoria de imprensa
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