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Há 25 anos na defesa e promoção dos direitos das mulheres

Jovens da Fase participam de roda de conversa com Jovens Multiplicadoras de Cidadania no Agosto Lilás

Na última sexta-feira (30), adolescentes da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (Fase) participaram de uma atividade especial conduzida pelas Jovens Multiplicadoras de Cidadania (JMCs), projeto da Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos. A ação fez parte da programação do Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra as mulheres.

As rodas de conversa envolveram reflexões sobre desigualdade de gênero, preconceito, racismo e os impactos da violência doméstica no cotidiano das juventudes. Para a psicóloga Fernanda Silva de Almeida, que atua na Fase e foi formada como JMC em 2004, o encontro teve um caráter transformador.

“As juventudes atendidas na Fase são majoritariamente da periferia, sofrem com a desigualdade social, a falta de oportunidades e muitas vezes vivenciam situações de violência doméstica em suas famílias. Muitos trazem relatos pesados de ver mães, avós e irmãs sendo agredidas por pais, padrastos ou tios. Eles vivem diretamente as consequências da violência de gênero”, explica Fernanda.

Segundo ela, esse histórico contribui para a naturalização da violência contra a mulher entre os adolescentes. Por isso, o diálogo com as Jovens Multiplicadoras tem um papel essencial:

“Do meu ponto de vista, a experiência de diálogo entre esses jovens, que sofrem as consequências da violência de gênero, e as JMCs, que também vêm de territórios periféricos, é de uma potência muito grande. É o reconhecimento de que é possível existir no mundo sem violência e sem reproduzi-la”, afirma.

Durante o mês de agosto, os adolescentes participaram de encontros semanais sobre o tema. O ciclo se encerrou com a visita das JMCs, que compartilharam suas trajetórias de ativismo feminista e receberam cartas escritas pelos participantes como gesto simbólico de reconhecimento e escuta.

“A importância dessa ação passa pelo diálogo em comum entre juventudes que vivenciam os efeitos da violência de gênero, cada um do seu lugar. Foi um espaço de troca e reflexão que fortalece a construção de novas formas de convivência”, destaca Fernanda.

A atividade reafirma o papel das Jovens Multiplicadoras de Cidadania como referência no trabalho de formação feminista e de direitos humanos, ampliando debates fundamentais em territórios e instituições onde a violência ainda marca de forma profunda a vida das juventudes.


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