PLPs relatam experiência da Marcha das Margaridas 2019
A Marcha das Margaridas ocorreu no dia 14 de agosto, em Brasília, mas ainda reverbera nas 11 Promotoras Legais Populares (PLPs) de Porto Alegre, Canoas e Guaíba, que participaram do evento com o apoio do Ministério Público do Trabalho e Fundo SAAP da Fase.
A 6ª edição do ato, que reuniu cerca de 100 mil mulheres de todo o país, foi avaliada no último sábado (7), durante a Plenária de Retorno da Marcha das Margaridas, no SindiPetro, em Porto Alegre. Para a PLP Maria Inês Barcelos, a experiência foi única e esperançosa. “Recebemos o apoio de quem estava na rua e nos prédios. Essas pessoas, quando nos aplaudiam mesmo sendo de uma janela, também estavam sendo protagonistas e nos encorajando a seguir”, afirma. Maria Inês relata ainda que momentos como este reafirmam a força das mulheres “que independente do lugar, quando se unem, fazem a diferença”.
A Marcha, que representa a maior ação de mulheres na América Latina, foi um momento de libertação para a PLP Fabiane Lara. “Eu, sendo uma mulher negra, posso dizer que, talvez, o último grilhão que me amarrava eu tirei na Marcha. Agradeço por ter participado desse momento histórico”, revelou, emocionada.
Durante os dias de evento na capital do país, as PLPs também participaram de oficinas temáticas, que abordaram assuntos como a previdência e assistência social pública e universal, educação não sexista e antirracista, agroecologia, democracia e participação política das mulheres, vida livre de violência, autonomia econômica, entre outros. Elas também fortalecerem a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, ocorrida no dia 13 de agosto, promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
A Marcha das Margaridas deste ano foi organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e teve como tema “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.”
Origem da Marcha das Margaridas
O nome da marcha presta homenagem à Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoana Grande, na Paraíba, uma das primeiras mulheres a ocupar um cargo de direção sindical no país e a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar.
Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Os responsáveis pela sua morte nunca foram punidos, mesmo com a repercussão internacional do caso, que chegou a ser denunciada à Comissão Interamericana de Direitos. Para manter viva a sua memória, sua casa foi transformada em museu. Nas paredes do lugar está cunhada a frase mais famosa de Margarida: “Da luta eu não fujo. É melhor morrer de luta do que morrer de fome”.
A Marcha das Margaridas ocorre desde 2000 em Brasília e reúne milhares de mulheres do campo, da mata e da cidade em busca de mais políticas públicas voltadas, principalmente, para as trabalhadoras da área rural, entre elas o combate à pobreza e à violência contra a mulher.