PLPs participam de primeira atividade presencial desde o início da pandemia
Sábado foi dia de reencontro! Cerca de 40 Promotoras Legais Populares (PLPs) participaram, no último sábado (7/8), da primeira atividade presencial da Themis desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020. O encontro, celebrado no dia do 15º aniversário da Lei Maria da Penha, foi realizado no parque da Redenção, local também de uma das últimas ações presenciais das PLPs antes da pandemia, nas comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher do ano passado.
Vindas de diversos bairros de Porto Alegre e da Região Metropolitana, as PLPs realizaram uma caminhada na Feira de Agricultores Ecologistas (FAE) para entregar materiais com informações sobre a Lei Maria da Penha às feirantes. Nas últimas semanas, 30 PLPs têm recebido cestas com produtos agroecológicos da FAE, graças a uma parceria entre a Themis, a Mandala Lunar, a Mútua e a FAE, que prevê também a teres entre as lideranças e as agricultoras.
Uma das bancas visitadas pela PLP Malvina Beatriz Souza, a Bia, da Cruzeiro, foi a da agricultora Marinês Riva, 54 anos, que comercializa pães e bolos orgânicos junto à filha, Maria Eduarda Riva Matias. “Em briga de marido e mulher, a gente não mete a colher. A gente mete a pá!”, concluiu a agricultora, após escutar as explicações de Bia.
PLP de Canoas, Rosângela Brochado Jesus, definiu a importância do encontro:
“Nos últimos dias, eu estava me sentindo como uma criança que vai ter um passeio no colégio. Estar aqui hoje é muito importante para ver que sobrevivemos juntas a esse momento difícil”.
Após a caminhada, as promotoras se reuniram em círculo nas proximidades do Monumento ao Expedicionário para compartilhar experiências e aprendizados da pandemia. A roda foi conduzida pela professora do curso de Psicologia da UFRGS, Simone Paulon, sócia da Themis e uma das idealizadoras da Clínica Feminista da UFRGS, um projeto de extensão que prestou atendimento online às PLPs durante o período de isolamento social.
As PLPs ressaltaram a importância tanto da clínica quanto da solidariedade uma com as outras como pilares importantes nos momentos mais difíceis da crise sanitária. Um dos depoimentos foi de Nelzi Alves Andrade, da Restinga. “Eu vejo a situação que a gente estava vivendo, o medo que estávamos vivendo, sem poder sair de casa para ver neto, família, nada. Mas eu fui assistida. Eu me senti muito bem, quando a Guaneci me ligou para perguntar se eu precisava de alguma coisa. Às vezes, só um telefonema já te coloca pra cima”, disse a PLP.
“Vocês criaram dispositivos de cuidado umas com as outras. O que ouvimos hoje nesta roda mostra em ato, nas ações de vocês como PLPs, o que a filósofa Marcia Tiburi define por feminismo: é o contrário da solidão. Vocês mostraram que nós mulheres temos umas as outras, expandiram a ideia de cuidar, inventaram jeitos de não ficarem nem deixarem outras mulheres sós”, concluiu a professora Simone.
Desde o início da pandemia, a Themis está desenvolvendo um programa de ajuda humanitária integral, recorrente e sistemático para proporcionar a trabalhadoras em residências, mulheres em situação de violência e Promotoras Legais Populares (PLPs) as condições necessárias para atravessar a crise sanitária com dignidade e segurança. Clique aqui para acessar o relatório da ajuda humanitária.
A coordenadora da área de Violência da Themis, Renata Jardim, avalia que a atividade foi um momento bonito de reencontro. “Passamos este tempo todo nos reunindo virtualmente, mas estar juntas, ao ar livre, nos reconectado, é diferente, nos dá força para seguir em frente. As PLPs juntas são uma potente força para superar e enfrentar as barreiras que as mulheres vivenciam cotidianamente nesta sociedade machista, racista e classista”, explica Renata.