PLPs da Cruzeiro realizam intervenções artísticas pelo 8 de Março
“Nossos muros precisam virar um jornal”. Com esse objetivo, as Promotoras Legais Populares (PLPs) da Cruzeiro promoveram, no domingo, véspera do Dia Internacional da Mulher, intervenções artísticas no bairro. Agora, quem passar pela Av. Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre, vai deparar com grandes murais grafitados em dois pontos da via. As obras são um verdadeiro manifesto pela vida das mulheres neste 8 de Março.
“As coisas precisam ser vistas. Para mim, um muro é um quadro. Nossa ideia é fazer quadros nos muros. Se a gente passar todos os dias na parada de ônibus, nosso olhar vai ver o que está escrito, e alguma coisa vai bater com a gente. Nossos muros, nossos paredões, precisam ser de expressão”, afirma Beatris Souza, a Bia, PLP e fundadora da Associação das Mulheres Solidárias da Grande Cruzeiro.
As intervenções são da artista Ana Paula Scarceli de Matos, ex-moradora da Cruzeiro: “Dar voz e cor às ruas e comunidades e causar impacto na sociedade, destacando questões importantes, é o verdadeiro sentido da nossa arte. Eu e meu companheiro de vida e arte, Leandro Alves, moramos muito tempo por aquela quebrada e adorávamos. Mas, como artistas autônomos, tornou-se quase impossível trabalhar com falta de transporte coletivo e sinal de internet, guerras, tiroteios. Eu e meus amigos artistas estamos sempre tentando dar voz aos muros”.
Nos murais, há frases como:
Respeitem nossas casas
Não entrem no nosso lar
Justiça para Jane
Os pedidos são feitos quando se completam três meses da morte de Jane, PLP formada pela Themis que faleceu na porta de sua casa, na Cruzeiro, durante ação ilegal da Brigada Militar. Nova irrupção aconteceu na semana passada, quando outra ativista e moradora da região teve sua residência invadida pelos policiais de forma ilegal.
“Estamos na mira da polícia. Nós, mulheres, defensoras dos direitos, estamos na mira da polícia. Qual a segurança que o Estado nos dá?”, questionam moradores, diz Bia, ao referir-se às invasões de moradias no bairro. “Mulheres da Cruzeiro dizem basta a todas as formas de violência”, acrescenta.
Nós, da Themis, repudiamos qualquer tipo de violência e seguiremos lutando por direitos, pela igualdade e pela liberdade.