Há 25 anos na defesa e promoção dos direitos das mulheres

O que pensam as vereadoras eleitas de Porto Alegre

 

Em 2021, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre empossou uma bancada feminina composta por 11 legisladoras – o maior porcentual de mulheres entre as capitais brasileiras, proporcionalmente. A eleição, pela primeira vez, de quatro mulheres negras, também é um marco a ser celebrado. Confira, a seguir, o que pensa a bancada feminina da Capital sobre aborto, racismo estrutural e cidade segura para as mulheres.

 

O que é uma cidade segura para as mulheres? O que você propõe para tornar isso possível? 

“Uma cidade que podemos vivê-la com acesso a um transporte público de qualidade, para que as mulheres possam estudar e trabalhar sem medo de voltar para casa, pelo fortalecimento do SUS e da rede de proteção social. Proponho um Plano Emergencial de Políticas Públicas para as mulheres em Porto Alegre e o cumprimento da Lei 6.919 de 22 de outubro de 1991 que institui o programa de abrigamento para mulheres vítimas de violência”
BRUNA RODRIGUES (PCdoB)

“Uma cidade segura vai além do andar nas ruas e não sentir medo de ser estuprada. Uma cidade segura também é aquela que protege a mulher em sua residência. Os números de violência contra a mulher só crescem. Desde o primeiro dia do mandato tenho colocado a luta pela proteção das mulheres como uma das pautas essenciais. Montei um GT a fim de viabilizar a elaboração de um dispositivo de segurança, tecnológico e inteligente, que seja disponibilizado às vítimas de agressão e com medidas protetivas” CLÁUDIA ARAÚJO (PSD)

“Uma cidade segura para as mulheres é aquela que conta com uma rede de proteção integrada e ativa. Desde as medidas judiciais, do amparo da Polícia Civil, passando pela eficiência da Patrulha Maria Penha e se completando com a rede de apoio do Município. Desta forma, as mulheres se sentirão seguras, amparadas e protegidas”
COMANDANTE NÁDIA (DEM)

“Para pensarmos em uma cidade segura para as mulheres, é preciso compreendermos que existem diversas cidades dentro de uma só. Eu venho da periferia, onde se concentram muitas mulheres negras, chefes de família. Para elas, uma cidade segura é ter moradia digna, acesso a saneamento, alimentação para a família. Já protocolei a criação da Frente Parlamentar em Defesa de Políticas Públicas para Periferia, e a partir dela pretendo atuar para garantir esses acessos, que parecem tão básicos, mas que são uma grande conquista para as mulheres periféricas”
DAIANA SANTOS (PCdoB)

“Uma cidade segura para as mulheres é uma cidade segura para todas as pessoas. A cidade tem que ter mapeamento do crime, condição inteligente da questão da estratégia de defesa, círculos concêntricos para que as pessoas que cometem crimes não consigam escapar da polícia, mais policiamento nas ruas, iluminação pública, manutenção de praças e paradas de ônibus, câmeras de segurança funcionando. Então, eu vejo que uma cidade mais segura para as mulheres é uma cidade mais segura para toda a família” FERNANDA BARTH (PRTB)

“É uma cidade que tem emprego e renda, garantindo independência financeira, e direitos, como creche, moradia, transporte e saúde pública, com atenção ao parto humanizado e às mulheres lésbicas, trans, cis, bi, as que querem ser mães e as que não desejam ser. É preciso delegacias de mulheres 24h nos bairros, casas abrigo, aluguel social e formação de gênero para mulheres e homens. Iluminação, saneamento, água potável e vagas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) são fundamentais”
KAREN SANTOS (PSol)

“É uma cidade que garante não apenas a vida e a integridade física, mas também a liberdade, a oportunidade, a saúde, a renda e a autonomia. Por isso, lutarei pela implementação efetiva da Maria da Penha, pela criação da Casa da Mulher  – um espaço de acolhimento e cuidado -, pela garantia de um percentual obrigatório no orçamento para políticas para as mulheres, pela criação de um Programa de Saúde Integral da Mulher e programas de microcrédito e formação profissional”
LAURA SITO (PT)

Trabalhamos por uma cidade segura para todos, em que as pessoas se respeitem, independente de gênero, credo ou condição social. Nosso compromisso é a fiscalização das leis, como exercício e cumprimento da cidadania. Podemos contribuir com projetos de Leis, fomentar o debate e as alternativas e soluções para os problemas da segurança, ações complementares, atendimento às mulheres e encaminhamentos aos órgãos de atendimento na busca dos direitos e das ações previstas na legislação e que são possíveis através da mobilização e acionamento do Estado”
LOURDES SPRENGER (MDB)

“Garantir a segurança das mulheres é investir na educação, na iluminação pública, na viabilização de lugares que transmitam tranquilidade e confiança para que as mulheres possam se sentir acolhidas, e denunciar atos de violência e abuso. Eu acredito que uma cidade viva, segura e vigilante é a melhor forma de garantir a proteção à mulher e à sua liberdade”
MARIANA PIMENTEL (NOVO)

“A cidade tem que ser segura para todos, mas infelizmente as mulheres estão mais expostas à violência e a alguns tipos de crime. Uma cidade segura para mulheres tem campanhas de alerta e profissionais treinados no transporte coletivo para identificar e coibir assédios; tem medidas preventivas e eficientes contra a violência doméstica, citando dois exemplos. Uma vereadora torna sua cidade melhor para as mulheres propondo e votando a favor de bons projetos que pensem o público feminino”
MÔNICA LEAL (PP)

“Uma cidade segura para as mulheres é onde as políticas públicas estão disponíveis, desde os serviços públicos como transporte, iluminação pública, policiamento, emprego, moradia e acesso à educação. Outro fator importante quanto a segurança é a questão dos municípios terem delegacias especializadas no atendimento para a mulher com o devido treinamentos dos servidores, pois o despreparo no atendimento pode atrapalhar o momento das denúncias”
PSICÓLOGA TANISE (PTB)

 

O que você pensa sobre o racismo estrutural e como ele afeta as mulheres negras? O que você propõe para enfrentar esse problema? 

“Segundo o IPEA, a mulher negra está mais presente nas camadas de baixa renda e de menor nível educacional, vivendo em ambientes de maior exposição à violência, dentro e fora de casa. A busca pela igualdade racial e o respeito à diversidade deve permear todo fazer político, já que estes são direitos inalienáveis ainda que não respeitados. Para enfrentar esse problema propomos o Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial”
BRUNA RODRIGUES (PCdoB)

“O racismo estrutural é histórico e verificado por atitudes institucionais que fazem que negros não possam competir com igualdade de posições sociais de modo geral. Tal sistema racista afeta as mulheres negras, nas diversas camadas da sociedade, em que mulheres negras precisam provar seu valor o triplo ou mais para serem consideradas capazes. Como vereadora eleita pela cidade de Porto Alegre, tenho como compromisso investir em projetos como o empreendedorismo negro”
CLÁUDIA ARAÚJO (PSD)

“Para acabar de uma vez por todas com isso, é preciso tirar a lei do papel e colocá-la efetivamente em prática. Infelizmente, só o rigor da lei e a educação mudarão esse problema histórico”
COMANDANTE NÁDIA (DEM)

“Como mulher negra identifico o racismo estrutural em todos os espaços de poder. Nesta legislatura somos quatro mulheres negras a ocupar espaços que são ocupados e dirigidos majoritariamente por homens brancos, desde sempre. Pretendo propor primeiramente um amplo diálogo. Nós precisamos falar sobre o racismo, precisamos fazer com que esse tema seja debatido dentro do parlamento e na cidade. Dentro do legislativo quero apresentar propostas de inclusão para o povo negro dentro dos espaços de poder” DAIANA SANTOS (PCdoB)

“Sou contra qualquer tipo de discriminação ou preconceito”
FERNANDA BARTH (PRTB)

“Entendemos o racismo estrutural como parte da dinâmica da condição colonial, num país de capitalismo periférico. A luta por direitos sociais e trabalhistas tem que estar na pauta do movimento negro e do movimento de mulheres. A conexão das lutas garante a interseccionalidade na práxis política. Trabalharemos para dar ‘assessoria’ política,  técnica e de estrutura para que ações que corroboram com esse sentido, assim como a luta pelos territórios, pela identidade e cultura, e por direitos”
KAREN SANTOS (PSol)

“O racismo estrutural, responsável pela exclusão, violência, desigualdade e miséria, é uma trava ao desenvolvimento justo e inclusivo da cidade e à efetivação dos direitos humanos. Ele se agrava quando combinado às opressões de gênero: são as mulheres pretas as que mais sofrem com a crise, que têm menos oportunidades e são mais vulneráveis à violência. Precisamos garantir uma educação antirracista, políticas de inclusão, canais de participação política e programas específicos de emprego e renda”
LAURA SITO (PT)

“O racismo em si é uma discriminação que não deve ser tolerada e ao mesmo tempo tem que ser combatida, porque somos iguais perante a Deus, seja qual for o entendimento e credo das pessoas, e porque somos iguais perante a lei. A nossa contribuição, como legisladores, sempre foi no sentido de que as leis sejam cumpridas, independente de questão racial. Esta isonomia sempre esteve em nossas ações de trabalho, garantindo que haja espaço para todos se manifestarem e atuarem, indiscriminadamente” LOURDES SPRENGER (MDB)

“O racismo é um problema sério, que afeta toda a sociedade, e as instituições precisam trabalhar para erradicá-lo. As mulheres negras foram muito afetadas durante a pandemia com o fechamento prolongado do comércio, além de as crianças negras – a maioria em escola pública – também sofrerem com o fechamento das escolas. A melhor resposta para o combate ao racismo é a educação e a liberdade para trabalhar, as duas melhores ferramentas para uma sociedade mais justa e livre de preconceitos”
MARIANA PIMENTEL (NOVO)

“É triste pensar que se o racismo é estrutural, é porque por muito tempo o Brasil deixou se estruturar, o que dificulta mexer de forma eficiente ou definitiva em suas bases. As mulheres negras acabam sendo mais afetadas, pois junto ao racismo já está o preconceito contra a mulher, que é algo generalizado e existente em diferentes áreas, potencializando e conferindo uma carga maior para elas. Ajuda-se a enfrentar e não perpetuar o problema, não compactuando, nem admitindo qualquer preconceito”
MÔNICA LEAL (PP)

“Infelizmente,  ainda existe. Embora, nós mulheres, estejamos conquistando mais espaço no mercado de trabalho,  ocupando cargos de gestão e decisão, ainda não alcançamos a equidade,  pois nosso profissionalismo e  competência estão sempre sob avaliação. As dificuldades para mulheres negras ainda são maiores,  apenas e exclusivamente pela cor de sua pele. A melhor arma para combater o racismo é através de investimento na educação, desmistificando preconceitos”
PSICÓLOGA TANISE (PTB)

 

O que você pensa sobre o feminismo? Como seu mandato vai interagir com os movimentos de mulheres feministas?

“Ser mulher e lutar todos os dias contra uma sociedade machista que tenta nos calar e invisibilizar, atrelada ao racismo estrutural e a desigualdade social, constitui uma cultura de violência. Nosso mandato será um mandato popular, em parceria com os movimentos sociais e feministas da cidade”
BRUNA RODRIGUES (PCdoB)

“Penso que o feminismo desempenha papel fundamental na luta pela igualdade de direitos das mulheres na sociedade. Tenho como bandeira a defesa de que haja 50% de mulheres nas cadeiras políticas. Este pleito teve 11 mulheres eleitas que será de grandes conquistas para as mulheres na cidade. O mandato seguirá com diálogo e abertura, e desejo manter as relações com grupos feministas, possibilitando a elaboração de projetos e medidas a fim de ser participativa na luta, além do apoio à causa”
CLÁUDIA ARAÚJO (PSD)

“O feminismo preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade. Infelizmente, algumas ideologias desvirtuaram seu real sentido. Venho de uma instituição constituída, na sua maioria, por homens e me sinto vencedora, pois através da minha qualificação venci nesse ambiente. As mulheres não precisam de vantagens para superar desafios, necessitam apenas de igualdade. Nada melhor que a meritocracia para valorizar o ser humano, em especial às mulheres”
COMANDANTE NÁDIA (DEM)

“Gostaria de falar sobre o Feminismo Negro e a interseccionalidade que o permeia, visto que estamos na base da pirâmide social, e a luta das mulheres negras está contextualizada em uma realidade de isolamento dentro das decisões políticas e sociais. Precisamos atuar de forma a permitir a inclusão e participação das mulheres negras e das periferias nos espaços de poder. Isso é uma forma de corrigir a desigualdade histórica, utilizando o poder de ação do cargo público para visibilizar nossas lutas”
DAIANA SANTOS (PCdoB)

“Meu mandato irá dialogar com toda a sociedade”
FERNANDA BARTH (PRTB)

“Faço parte do Coletivo Alicerce, que constrói as lutas das mulheres em seu cotidiano. Acreditamos que a construção do feminismo, ainda mais para nós, mulheres negras, se dá no cotidiano, assim como a necessidade da superação da opressão e da exploração. Precisamos construir a unidade, a organização e a mobilização em nosso dia a dia para combater o sufoco ao qual somos submetidas e construir um novo projeto desde o ponto de vista da classe trabalhadora, que vise caminhos de libertação”
KAREN SANTOS (PSol)

“O feminismo é um movimento fundamental que há anos avança para garantir a igualdade de gênero, o fim do machismo e da opressão. Os movimentos estão representados no mandato, e o mandato será uma ferramenta de luta dos movimentos, aberto às construções coletivas e às reivindicações. Seremos um braço institucional da luta social. Queremos ampliar a voz das mulheres na Câmara e garantir canais de participação política. Também queremos servir de exemplo e mostrar que nós chegamos para ficar!”
LAURA SITO (PT)

“A luta pela igualdade e respeito às mulheres deve ser entendida como uma reação à discriminação sofrida ao longo da existência humana, permeada por questões culturais, políticas e econômicas. Seguiremos fiscalizando e trabalhando para o cumprimento das leis e garantindo o debate a todos os temas relevantes e relacionados às mulheres, seja no encaminhamento à Procuradoria Especial da Mulher, na Câmara, em plenário. Nosso gabinete continuará aberto às questões que envolvem o respeito às pessoas”
LOURDES SPRENGER (DEM)

O feminismo é um movimento histórico, e que representa a emancipação das mulheres. E é esse o feminismo que eu defendo e acredito: aquele que luta pela liberdade e independência da mulher. O meu mandato estará de portas abertas para todos os que estiverem dispostos a contribuir para isso, garantindo a voz e a representatividade das mulheres na política. Lugar de mulher é onde ela quiser, e quero fazer um trabalho que inspire outras mulheres a ocuparem espaço no legislativo municipal”
MARIANA PIMENTEL (NOVO)

É um movimento que surgiu por uma real necessidade e que muito contribuiu para dar visibilidade à luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, como a importante conquista do voto feminino. Não sou uma vereadora que carrega a bandeira feminista, mas não há como ficar indiferente a situações de machismo, como as que sofri como Presidente da Câmara, em 2019, vindas de colegas vereadores, quando me posicionei com firmeza. O diálogo com os movimentos é bem-vindo”
MÔNICA LEAL (PP)

“Acredito na igualdade entre homens e mulheres, respeitando a individualidade de cada um. Somos gêneros diferentes,  mas possuímos os mesmos direitos. Continuarei lutando para que nós, mulheres, tenhamos nossos direitos preservados e reconhecidos, através de políticas públicas voltadas ao nosso desenvolvimento pessoal e profissional. Como vereadora, sempre buscarei o diálogo. Acredito que conquistas são realizadas através do respeito, diálogo e construção”
PSICÓLOGA TANISE (PTB)                              


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