No dia Internacional da Mulher Negra, panfletagem alerta para violência sofrida por elas.
As mulheres negras compõem a maior parte da população brasileira. Contudo, ainda são severamente discriminadas e sujeitas a situações de extrema violência, seja no ambiente de trabalho ou no cotidiano do lar. Pensando nessas questões, diversas mulheres se uniram durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas na República Dominicana em 1992 e puseram um marco internacional no que se refere à resistência da mulher negra: era o dia 25 de julho, instituído como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.
Em Porto Alegre, a Themis, a ACMUN- A Associação Cultural de Mulheres Negras- e a ONG Maria Mulher organizaram uma panfletagem no Largo Glênio Peres para demarcar a data. Ali, diferentes mulheres negras pararam a população, a fim de alertar sobre os dados graves de violência sofrida pelas mulheres negras no Brasil. Dentre as informações divulgadas por elas, está a de que as mulheres negras têm duas vezes mais chances de serem assassinadas em razão de agressões que as mulheres brancas.
De acordo com a advogada e militante negra, Luana Pereira, um dia específico para discutir as particularidades das mulheres negras simboliza a demarcação da luta contra o racismo e o machismo. “A opressão sobre nós é mais cruel, pois representa a intersecção entre gênero e raça. Isso se deve às raízes brasileiras consolidadas sobre um sistema escravocrata e racista, que ao contrário do que se quer fazer acreditar, ainda existe, apesar do seu fim formal”, afirma Luana.
No Mapa da Violência 2015, intitulado “Homicídios de Mulheres no Brasil”, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), também é possível encontrar dados sobre a vitimização de mulheres negras. Segundo a pesquisa, a vitimização contra elas era de 22,9%, em 2003, e saltou 66,7% no ano passado.
Durante a atividade, as organizações também homenagearam a ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Helena Bairros, falecida no inicio do mês em decorrência de um câncer no pulmão.
Sua trajetória política ancorou-se na luta pelo enfrentamento ao racismo estruturado na sociedade brasileira, pelo fim do machismo e pela promoção de políticas de igualdade racial.
Mais sobre a data:
No Brasil, o dia 25 de julho também é comemorado como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século XVIII. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza.
Confira algumas fotos da atividade: