Há 25 anos na defesa e promoção dos direitos das mulheres

Encontro sobre Interseccionalidade reúne 200 participantes no RS e uma audiência online de 1500 pessoas

Em meio as ameaças explícitas à democracia, desde o pleito eleitoral deste ano de 2018, e sobretudo nesse período de 25 de novembro a 10 de dezembro, quando se comemora, respectivamente, o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, e o Dia dos Direitos Humanos, a Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos celebra seus 25 anos de história.

Neste período da campanha “21 dias de ativismo”, a organização participou ativamente da organização da Conferência “Justiça Interseccional”, que seria realizada em Porto Alegre, no dia 26 de novembro, com a norte-americana Kimberlé Crenshaw. Professora de Direito na Faculdade de Direito de Columbia e na Universidade da Califórnia, defensora dos direitos civis e uma das principais estudiosas da teoria crítica da raça, Crenshaw é parceira da Themis desde a sua fundação. Por conta de problemas de saúde, ela não pode se deslocar dos Estados Unidos ao Brasil, mas encaminhou um vídeo com uma fala contundente sobre esse momento pelo qual passa o Brasil e a interseccionalidade, um conceito que promove o aprofundamento de estudos – sobretudo da área jurídica, mas não só – acerca de como identidades sociais, particularmente identidades minoritárias, se relacionam com sistemas e estruturas de opressão, dominação ou discriminação.

Os estudos de Crenshaw também foram essenciais para o desenvolvimento do feminismo interseccional, uma aplicação da teoria que examina os sistemas de opressão e discriminação aos quais as mulheres estão sujeitas, atrelando à análise de gênero ao exame de outros elementos, como raça, sexualidade, histórico econômico.

Essa Conferencia contava como parceiros como a Ajufers – Associação dos Juízes Federais do RS, a Esmafe – Escola Superior da Magistratura Federal do RS e a Escola Judicial do TRT 4 4.

Além dessa Conferência, Kimberlé Crenshaw faria uma participação no VI Simpósio Internacional Desigualdades, Direitos e Políticas Públicas: Gênero, Interseccionalidades e Justiça, no campus da Unisinos em São Leopoldo (RS), entre 27 e 29 de novembro. Ela faria a palestra “Interseccionalidades: do conceito às políticas públicas”, dando início aos debates do encontro, que contabilizou 211 participantes, 118 trabalhos apresentados em 8 GTs, em eixos temáticos como feminismos africanos; protagonismos de mulheres negras em contextos latino-americanos; gênero, raça e trabalho; direitos sexuais e direitos reprodutivos; juventudes; políticas públicas e movimentos sociais; direitos humanos e empoderamento legal; 3 painéis temáticos e 4 rodas de conversas.

O evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unisinos, em parceria com a Themis, UniCv e Capes, contou com a participação de pesquisadores de diversas universidades brasileiras como UFRGS, UnB, USP, UFBA, UNILAB, e de universidades estrangeiras, de países como Cabo Verde, Guiné Bissau, Lisboa e Uruguai e de representantes de instituições como a Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e ativistas feministas com participação em movimentos sociais e associativos de São Leopoldo, Porto Alegre e Triunfo (RS). Entre estas estavam representantes da Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta, Promotoras Legais Populares de Porto Alegre e de São Leopoldo, Ceca de São Leopoldo, Coletivo Unidiversidade, Igualdade – Associação de Travestis e Transexuais do RS, Themis – Gênero, Justiça e Direitos, Movimento de Consciência Negra/Palmares e jornalista especializada em questões de acessibilidade e inclusão..

As oito atividades que ocorreram no auditório principal Padre Werner da Unisinos foram filmadas e transmitas online, via página do Facebook do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais da Unisinos e podem ser acessadas em: https://bit.ly/2QbPgBF.

 

Texto: Andréa de Lima

Foto:  Rodrigo W. Blum


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