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Novas perspectivas de futuro após o curso de formação digital

Carinho num pedaço de papel. Segundos contemplando uma folha branca com os dizeres “Conferimos a Marina Fernandes Rodrigues o certificado de conclusão do curso de Alfabetização Digital”. O gesto da diarista e supervisora de auxiliares de cozinha dava a dimensão da importância da cerimônia do curso que formou cerca de outras 70 trabalhadoras domésticas e Promotoras Legais Populares de Porto Alegre e região metropolitana. A formação, promovida pela Themis e Fenatrad, em parceria com a UniRitter, encerrou-se neste sábado (10/12), após aulas de  treinamentos presenciais sobre uso básico do computador, do pacote office, da internet e das redes sociais. 

“Fazia faxina, estava desempregada, e o curso me ensinou a fazer currículo. Fiz minha apresentação, bati em algumas portas e consegui um emprego. Mas, além de aprender sobre currículo, word e uso do computador, essa formação me empoderou, ensinou sobre meus direitos como cidadã. Tenho direitos que nem sabia que tinha”, conta Marina, também estudante do primeiro semestre de Educação Física. 

A trabalhadora doméstica Cristiane Rodrigues da Silva, moradora da Cruzeira, veio acompanhada da filha e do sobrinho para comemorar a certificação. E a comemoração foi em dose dupla, já que a mãe, Maria Geci, também participou da formação.

“Este curso maravilhoso abriu um universo de possibilidades na minha vida. Com ele, aprendi que a gente pode tudo, temos de acreditar em nós, não podemos parar no meio do caminho. Já quero fazer outros cursos”, conta Cristiane, que, além de trabalhadora doméstica, vende quitutes. As redes sociais, um dos tópicos abordados na formação, agora são um trunfo na divulgação do trabalho. 

“O curso foi maravilhoso. Agora tenho email, aprendi a mexer nas redes sociais, criar designers no Canva e fazer pequenos vídeos. E isso tudo é importante porque posso replicar o conhecimento junto às Promotoras Legais Populares. Muitas estão fora das redes justamente por não saberem lidar com elas, como era meu caso, então quero compartilhar com outras mulheres o conhecimento”, planeja Sônia Martins, ativista comunitária na Cruzeiro.  

Emocionada, Vanessa Kopp, professora das Licenciaturas da UniRitter, conta que trouxe a filha, de 10 anos, para acompanhar a formatura, com o objetivo de mostrar a ela a importância de “empoderar as mulheres desde sempre”. Acostumada a atuar com crianças, a profissional conta que a formação foi desafiadora e de aprendizados tangíveis e intangíveis. “Trabalhar com mulheres adultas, trabalhadoras que passaram o dia no trabalho pesado, e a gente viu isso no ato de segurar o mouse, o quanto as mãozinhas não articulavam. E isso me arrepia, me emociona. Vê-las saírem daqui com perspectiva, com autonomia, esse é o maior presente que eu ganhei este ano”, comemora. 

Vinícius Cassol, professor dos cursos de tecnologia, explica que a ementa da formação foi gestada por uma turma de 18 alunos da UniRitter, que foram monitores das TDs e PLPs durante os treinamentos. “Trabalhamos com estudantes que são imersos na tecnologia desde que nascem. Então, o desafio, até para os alunos monitores, foi trabalhar com um público totalmente diferenciado, que nunca tinha usado computador. E aprender que, às vezes, o que a gente tem como básico, como a alfabetização que vem de casa, no mundo lá fora não é assim. Foi desafiante e recompensador, ao mesmo tempo. Foram momentos de crescimento tanto das mulheres, quanto dos alunos”.

A formação fez parte do projeto “Fortalecendo o movimento de trabalhadoras domésticas pela tecnologia e aprendizagem”. O apoio é de CUMMINS e CARE, por meio do programa Igual Valor, Iguais Direitos, Global Fund for Women e Fundo da Embaixada da Nova Zelândia.

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