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FSM 2016: O prazer feminino proibido: rompendo o silêncio sobre a sexualidade das mulheres

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Cerca de 30 mulheres participaram do debate “O prazer feminino proibido: rompendo o silêncio sobre a sexualidade das mulheres”, na manhã da última quarta-feira (20), na Faculdade de Direito da UFRGS. A atividade organizada pela  Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos faz parte da programação do Fórum Social Mundial 2016.

À dinâmica iniciou com um trecho do documentário “Clitóris: o prazer proibido” que ressalta as complexidades culturais, morais e religiosas que envolvem o órgão feminino. Para a fisioterapeuta Ana Gerhring, especialista em transtorno sexual, o Brasil é o país da disfunção sexual. “ Mesmo com essa pecha de uma sociedade livre sexualmente, que convive com peitos e bundas em horário nobre, pesquisas já revelaram que 55% das mulheres fingem orgasmo e na maioria das vezes é para acabar logo com a relação, seja por desconforto físico, psicológico ou ambos”, destaca.

Conforme Ana, as mulheres precisam conhecer o corpo de maneira aprofundada para depois compartilhar com o parceiro ou a parceira o que desperta o seu prazer. “Em rodas de conversas informais entre mulheres é quase impossível alguma não contar que tem problemas sexuais. O mais reincidente é o fato de muitas nunca terem atingido um orgasmo. O clitóris tem cerca de 8 mil terminações nervosas e quando devidamente estimulado pode ficar horas em estado de excitação.  O pênis tem metade das terminações e não segue entumecido após atingir o orgasmo. O corpo da mulher tem todas as ferramentas para chegar ao prazer, o que impede são as interferências externas e o modo como companheiro (a) a trata é uma das principais.

A fisioterapeuta explicou que atende mulheres com danos no assoalho pélvico, região que é diretamente afetada em casos de agressão física ou psicológica. “Essa região envolve 13 músculos e estes são interligados com outros órgãos ao seu redor. Então os sintomas são distintos. Uma mulher que sofreu agressão normalmente desenvolve síndrome do intestino irritável, por exemplo. E o intestino é um grande produtor de serotonina, se afetado causa depressão. As meninas abusadas na infância são acometidas de problemas de crescimento e interfere na ativação do hipocampo”, relata Ana.

A psicóloga Raquel Silveira, que trouxe o recorte racial e acrescentou o drama das mulheres transexuais ao debate, revelou se espantar ao ver, na sociedade atual, as jovens e mulheres ainda enfrentarem os mesmos tabus e preconceitos que ela sofria há 30 anos.  “Algumas publicações científicas relatam que a primeira opressão de gênero ocorre antes de nascer. Ali no momento em que se descobre que uma mulher está gestando outra mulher. Mas isso se aplica a todas as mulheres? Para mim mulher branca de classe média essa teoria contempla, mas o que a sociedade pensa quando sabe de chegada de mais uma mulher negra?”, suscitou a psicóloga. Ela também abordou a questão da transsexualidade e as dificuldades das mulheres que não realizaram de redesignação em se harmonizar com o próprio corpo.

Ao final da atividade, as espectadoras debateram sobre os temas propostos e compartilharam experiências.

Texto: Rita Barchet
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