Trabalhadoras domésticas participam da aula inaugural do curso de Empoderamento Legal e Alfabetização Digital
“Preciso aprender a chamar o Uber sozinha. E vou conseguir”. O desejo de aprendizado e esperança é de Eunice Pires de Slle, 52 anos, após participar da aula inaugural da segunda etapa do curso de Empoderamento Legal e Alfabetização Digital para trabalhadoras domésticas.
Assim como Eunice, as alunas do curso se reuniram na quarta-feira (16), na UniRitter, em Porto Alegre, para acompanhar a primeira aula da formação, realizada pela Themis e pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), destinada a mulheres que já participaram de edições anteriores. Neste ano, haverá um foco ainda maior na transversalização entre as ferramentas de empoderamento legal e a alfabetização digital. As atividades e os eixos temáticos buscam estimular a autonomia e a importância de se organizar politicamente para conhecer, usar e transformar a sociedade por meio do acesso a direitos.
Valdelice Almeida, presidente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Maranhão e integrante da direção da Fenatrad, participou da mesa de abertura e emocionou as participantes ao contar sobre sua trajetória como trabalhadora doméstica. Além disso, pontuou a importância da formação para as colegas. “Com essa qualificação, vocês terão mais instrumentos para se organizar enquanto categoria. A sociedade só nos verá quando estivermos organizadas, articuladas, buscando nossos direitos”, pontuou a sindicalista, que veio a Porto Alegre especialmente para participar do evento.
A mesa também contou com a presença de Márcia Soares, diretora executiva da Themis; Jéssica Miranda Pinheiro, coordenadora da área de Trabalho Doméstico Remunerado da Themis; Franciele Fontana, gerente dos campi Zona Sul e Fapa da Uniritter ; e Raquel Bello Vázquez, professora e coordenadora do projeto de extensão Mistérios da Escrita.
De acordo com Alejandra Gavilanes, consultora da Área de Trabalho Doméstico Remunerado da Themis, “o empoderamento legal e a alfabetização são fundamentais para a vida das trabalhadoras, pois contribuem para um maior conhecimento dos seus direitos, bem como fortalecem as estratégias de incidência para que elas consigam acessar informações digitais. Também é fundamental para a valorização do trabalho doméstico remunerado, fortalecimento da capacidade de auto-estima e de luta a favor de uma sociedade mais justa e igualitária”.
Raquel, professora da UniRitter, conta que a novidade deste ano será a participação do projeto de extensão Mistérios da Escrita na formação, no qual as alunas serão estimuladas a praticar a escrita de suas próprias trajetórias. Segundo ela, o objetivo é combinar empoderamento legal de mulheres com letramento digital: “Além dos aplicativos, vamos trabalhar a escrita como uma atividade criativa, subjetiva, uma atividade que seja prazerosa e que também sirva para essas mulheres falarem sobre si mesmas”.
Durante toda a formação, a coletividade será estimulada como premissa do empoderamento legal. O uso das redes sociais e de aplicativos como o Whatsapp e o Gov.br também serão ensinados e incentivados. O curso é realizado pela Themis e pela Fenatrad, em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Grupo Ânima em convênio com a UniRitter. O projeto é financiado pela Care e Cummins.