Manifesto Dia Internacional da Mulher: Nós, feministas, ainda estamos aqui
Nós, feministas, ainda estamos aqui
Feminismo é a expressão de desejos e necessidades das mulheres em todos os lugares do mundo. Nasce das reivindicações por dignidade, autonomia e igualdade a partir das vozes de mulheres de todas as origens, classe, raça, etnia, idade ou contexto, e que compartilham a luta por um mundo mais justo. O feminismo é um movimento vivo, pulsante, que reflete a realidade e os anseios de mulheres que são contra todas as formas de opressão e subordinação.
Nos últimos 100 anos, essa expressão de desejos e necessidades assumiu diversas formas: organizações comunitárias, movimentos sociais, pequenos coletivos, centros de pesquisa, comissões de trabalhadoras, marchas públicas, encontros locais, nacionais e internacionais. As mulheres se movimentam nesses espaços e territórios, construindo redes de solidariedade que atravessam fronteiras. Do direito ao voto à luta por autonomia sobre seus corpos, do combate à violência de gênero à reivindicação por condições dignas de trabalho, o feminismo se reinventa constantemente para enfrentar desafios antigos e emergentes.
O 8 de Março é momento fundamental dessa movimentação global. Surgiu como um dia de luta das mulheres trabalhadoras no início do século XX, e atravessou esse período renovando-se a cada ano, refletindo as demandas específicas de cada parte do mundo. Hoje, as mulheres que vivem sob regimes ditatoriais resistem e lutam por sua liberdade de existir e se manifestar; trabalhadoras em diversos países reivindicam igualdade salarial e condições dignas de trabalho; mulheres atingidas por crises climáticas reinventam um mundo. O Dia Internacional da Mulher é, portanto, um mosaico da pluralidade de experiências femininas, todas encontrando no feminismo a sua forma de expressão.
O que acontecerá neste 8 de Março pelo mundo? As pautas feministas emergem de realidades diversas, demonstrando que essa luta é ampla e interseccional. Em Porto Alegre, a Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, que há 32 anos atua na defesa e promoção dos direitos das mulheres a partir de uma perspectiva comunitária, reconhece a urgência de pautar a justiça social, racial e climática, visando a uma vida digna e sem violência para as mulheres. Em 2024, especificamente, vivemos uma tragédia ambiental que deixou muitas mulheres desabrigadas e vulneráveis, sem acesso a condições básicas de vida e subsistência e até mesmo de segurança. A reflexão sobre o feminismo, neste contexto, também passa pela construção de alternativas para o bem-viver, considerando a sustentabilidade e a justiça social como pilares fundamentais.
Historicamente, o feminismo é um movimento de liberdade e democracia. Defender os direitos das mulheres significa defender Estados e sociedades democráticas, que respeitem as diferenças e garantam a pluralidade. Essa é uma marca política inegociável do feminismo, e é por isso que nós, feministas, ainda estamos aqui, lutando e resistindo. Em tempos de incertezas e retrocessos, reafirmamos que não há justiça de gênero sem democracia, e não há democracia sem a plena participação das mulheres na construção de um futuro mais justo e igualitário.