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Quando uma jaqueta de couro fala mais alto que um Oscar

HOLLYWOOD, CA - FEBRUARY 28:  Actress Cate Blanchett (L) and costume designer Jenny Beavan, winner of Best Costume Design for 'Mad Max,' pose in the press room during the 88th Annual Academy Awards at Loews Hollywood Hotel on February 28, 2016 in Hollywood, California.  (Photo by Jason Merritt/Getty Images)

HOLLYWOOD, CA – FEBRUARY 28: Actress Cate Blanchett (L) and costume designer Jenny Beavan, winner of Best Costume Design for ‘Mad Max,’ pose in the press room during the 88th Annual Academy Awards at Loews Hollywood Hotel on February 28, 2016 in Hollywood, California. (Photo by Jason Merritt/Getty Images)

Algo muito inusitado aconteceu durante a premiação do Oscar. A figurinista Jenny Beavan subiu ao palco para receber a estatueta de Melhor Figurino pelo seu trabalho em Mad Max: Estrada da Fúria usando calça jeans preta, jaqueta de couro fake e sapato fechado. Nada de salto, vestido de gala, penteado e maquiagem. Ela estava apenas sendo ela mesma.

Ainda é difícil para algumas pessoas entenderem que uma mulher não tem a obrigação de seguir os padrões. Jenny foi do jeito que ela achou que se sentiria mais confortável e, sinceramente, existe algo melhor que uma jaqueta de couro bem trabalhada? Principalmente se for aquela que você já usou bastante, que já fica moldada no corpo.

A primeira coisa que vem `a cabeça quando se vê uma mulher ganhando um prêmio de figurinista é que ela provavelmente é uma mulher jovem, descolada, atenta `as tendências e que, com certeza, estaria bem vestida pra noite de gala. Mas o que é estar “bem vestida”? Isso não é uma questão de opinião? A moda é relativa. O que é bonito para você, pode não ser para outra pessoa. Não existe o “barango” na moda e está na hora de tirar essa palavra do vocabulário.

Alguns convidados na plateia não se importaram em aplaudi-la pela conquista. Muito pelo contrário, fizeram questão de olhar Beavan da cabeça aos pés por sua roupa. Não importa se ela ganhou o Oscar ou um prêmio Nobel! Cadê o vestido dessa senhora? Por que ela não prendeu o cabelo? Será que ela não foi capaz de fazer uma escova ou passar um rímel?

Jenny já havia sido criticada por seu colega de profissão, Stephen Fry, que a comparou a uma mendiga em sua rede social ao ganhar o Bafta por Mad Max. Após o Oscar, ela foi questionada sobre sua roupa e já deixou bem claro que não estava ali para desfilar. “Eu estou bem feliz em falar sobre isso. Eu não uso saltos e tenho costas largas. Eu fico ridícula em um belo vestido de gala. Eu só gosto de me sentir confortável e, até onde eu sei, eu estou bem vestida”, disse.
Além de não ter se importado, a figurinista ainda mostrou mais um ponto importante: que não precisa sair vestida com roupas de marcas para ser alguém importante na área. Sua jaqueta era de uma loja de departamento, “Marks & Spencer”, com um desenho de caveira feito com cristais Swarovski.

Trabalhar com moda, muitas vezes, é confundido com glamour, beleza e qualquer outra ladainha fashion que você escuta por aí. Jenny mostrou muito bem que escolher peças para compor um filme não significa necessariamente que a própria figurinista tenha que viver montada. Ela não é um filme, ela não é uma peça de teatro, uma revista, uma campanha ou um desfile. Ela é uma pessoa, como qualquer outra. A figurinista ganhou o Oscar pelo seu trabalho, não pela sua aparência.

Jenny não ganhou como a mulher mais bem vestida da festa – e nem deveria! Ela ganhou um prêmio por ter estudado tecidos, modelagens, a história do filme e toda a sua composição. A figurinista criou roupas que conseguiram passar a imagem desejada pelo filme. Ela foi premiada por ser uma mulher profissional, dedicada e que fez o seu trabalho da melhor maneira possível. Fim. Não precisamos comentar mais sobre a sua roupa.

Fonte: Huffpost Brasil


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